27/08/2013

Punheta Seca ou Molhada,o que mais te agrada ?

Sabe-se que a comida é um conjunto visual, e material, que vai muito além da própria comida, pois os elementos contextuais, a ritualização de cada gesto de quem serve; os movimentos do corpo, o olhar, as expressões faciais, compõem este reconhecimento de valor identitário.

Tudo tempera o imaginário, aguça o sabor, traz referências ao paladar, certamente, uma experiência cultural de sistemas alimentares repleta de aspectos ecológicos, econômicos, sociais, entre tantos outros.

Assim, cada comida que faz parte do tabuleiro da baiana é um símbolo patrimonial, ora mais africano, com o dendê, ora mais americano, ou melhor, latino-americano, com alguns exemplos de comidas embrulhadas em folhas, os tamales, como ocorre com o abará, que é embrulhado na folha de bananeira, o acaçá, a pamonha de carimã, e outros casos que tornam este multicultural cardápio de rua um fast food tão tradicional.

Destaque, dentro das receitas do tabuleiro da baiana, para o popular bolinho de estudante. Certamente, ganhando esse nome por ser bolinho frito no final da tarde, hora que os estudantes passam, ao sair dos colégios, pelas esquinas, onde estão arrumados os tabuleiros com tudo que possa seduzir pelo cheiro.

O bolinho de estudante é um doce feito de massa de tapioca, coco, açúcar e canela, estando a maior habilidade para se fazer a receita no trabalho de manipular a massa. Com a massa faz-se bolinhos que são fritos no óleo de soja. O bolinho deve ser comido ainda quente, pois a massa é mais saborosa assim, e o açúcar se misturado à canela lhe dá uma casquinha que se derrete a cada mordida.

Pois é, esse quitute é tradicional na Bahia, e por lá também é conhecido por outro nome: Punheta ou Punhetinha, devido os movimentos no preparo que faz com que ele seja conhecido como um doce “feito a punho”.

Punheta seca ou molhada, o que mais te agrada?

Calma aí! Não é nada disso que você está pensando. Perguntar se a punhetinha é seca ou molhada não se trata de uma pergunta indecente.Seca quando é pura e molhada se estiver envolvida em açúcar e canela.

Ninguém melhor que Jorge Amado (1912 – 2001) para exemplificar o uso dessa palavra. “Como é mesmo tia Romélia? E tu não sabes menina? Olha que tu sabes muito bem, o nome é punheta, bolinho de estudante é pronúncia de besta!”, assim confirma o autor baiano no livro O Sumiço da Santa.

Fontes: Raul Lody – Historiador e Jorge Linhaça - Recanto das Letras.

RECEITA

500g de tapioca de caroço, 2 cocos grandes, 1 colher de chá de sal, 1 xícara de açúcar, 4 copos de água morna, óleo para a fritura , 1 xícara de açúcar e 1 colher de sopa de canela em pó para envolvê-los.

PREPARO

Descasque os cocos e bata no liquidificador com a água morna, até que fiquem bem moídos, despeje numa tigela, tempere com açúcar e sal. Acrescente a tapioca e deixe inchar até que fique macia e consistente. Enrole em formato semelhante ao de um croquete. Frite no óleo, até que fiquem levemente dourados. Escorra em papel absorvente, e passe-os no açúcar e canela.